A grande Santos Almeida.
*
escava
cuidado com as pedras
da calçada,
pisada
que hoje toda a gente escava
em direcção ao céu
porque eu
não encontro
um ponto
um começo
*
uma nota que soa
a mil léguas daqui
faz.se ao mar
como a terra se faz a mim!
*
vidas
passadas ou presentes
ainda sentem
o que em nós foi esquecido
talvez
mas agora não
agora elas vivem!
*
a vida
o que é?
pergunta o menino
sozinho
à beira da morte
*
escrita
nada é
que palavras, articuladas
pelas leis do Homem
que nem as sente
quando as dita
e por isso
elas
caem no esquecimento
que escritor
não é escultor
*
máquina menino
trabalha
mas não sabe ler nem escrever
*
o homem
criação, criador, criado
escravo dele mesmo
mas não passa
de uma obra de arte!
*
a brisa
leva-me a mim
até onde eu
te vou encontrar
*
o sal
a lua
o verde
a intenção voa
aterrando na brasa
deste dia
*
ser poeta
é: cantar uma voz
perdida, ou por achar
e todas elas vão dar
aos caminhos
escolhidos, ou por escolher
*
um canto
e nele se faz ninho
*
vi
ouvi
algo, que eu não reconheci
e por isso
não existem palavras para o que foi visto!
*
quão longe se está
e perto se torna!
*
oscila este poema
que ele não quer estar
no papel
*
sopra o vento
ela faz o mesmo
*
a matéria
quando deixa ela de o ser?
em que se torna?
quando morre?
*
o verde pé
diz que é verde
quem és tu para o desmentir?
*
a mão aponta
para uma direcção
oposta
ao que o corpo aponta
mas se a mão é uma parte de nós
de quem é o corpo?
*
sente-se agora
e sinta-se amanhã
que quem sabe se ontem também não o foi sentido?
*
um piano
conta histórias sobre
ele mesmo, mas na companhia
de quem mais ele ama
*
se o piano diz que ama
quem ama ele mesmo?
*
there was something
in need of discovery
who are u pirates?
*
come out
cause i will get soon
to where you are
but i need to see you
*
mãos que apontam
e os pés? para onde eles vão?
que caminhos pisam?
serão os caminhos que a mão apontou?
*
no topo
se olha para baixo
mas por que não aproveitar
esta aproximação ao céu
*
vês? então olha.
*
à vista desarmada tudo é belo
mas quando se erguem torres
o sol não entra
nem tu sais
*
o fado
destino incerto, mas
e quem não acredita no destino?
*
a gaiola
é um mundo
de nós saído
que quem lá entra
não de lá sai
*
quem sai ou entra?
sai o corpo
fica a mente
ou fazes um acordo
com os teus deuses
e tornas-te imortal
*
eternamente, disse o sol
mas a lua é imortal
*
o tempo
não disse ao tempo
coisa alguma
porque ele não tem espelho em casa
*
vidas, quanto tempo tens?
*
o tempo sabe
que o que sabe
é sabido
e a sabedoria é por ele
oferecida
mas ninguém o ouve
*
quem és tu
que aqui estás
mas quando sabes que não estarás
vais cá estar?
*
a todos os que sabem ler
e a quem não sabe
por favor reciclem
*
quem lê o tempo
perde a vida
e a morte não traz mais tempo
*
mais, mais, mais
disse eu
ao tempo
que parou
agora!
*
ó tempo, sabes que eu te conto?
mas quando não o faço
tu passas mais depressa
ou serei eu que me perdi?
*
entre caminhos
que não se cruzam
há quem os sobreponha
e leva escadotes!
*
escada leva para cima
que de baixo nada sobe, só desce!
*
leva a terra
que um dia ela te abraça
mas por pouco tempo
que a carne decompõe
*
ossos
ou espaço?
*
toca, que és tocado em retorno
*
sabes que existes?
*
a manhã
que é ela senão o fim de um dia?
porque o dia nasce quando eu e tu queres
*
porque choras
quando amanhã é um novo dia
e tu ainda cá estás
*
nem a terra come os ossos
*
" moon, today beautiful
tomorrow gone
but you always come back
despite these lives
that look at you
and see more than themselves
*
o inimigo
afinal só o é porque tu o nomeaste
*
à roda andamos todos
e do e no vómito rodamos
*
o ciclo da estupidez é só isso
um ciclo
*
ciclo, triciclo
quatrocentos qualquer coisa
*
no numero 3 o que se lê?
uma superstição
*
os medos devem ser enfrentados
mas eu não possuo corpo
*
o saber não ocupa espaço, alguém o disse
mas o que ocupa, é nada mais que espaço infinito
*
as palavras são as nossas gaiolas,
e com pena
*
ó pena, tens mais pena que eu?
é que de penas vivem os pássaros nas suas gaiolas
*
no topo vive o deslumbramento
que não sabe que se vier cá abaixo
o mundo é grande
*
as gotas sobem
em quem faz o pino
*
o verde depressa ganha nova cor
mas tudo é branco
*
cava
esburaca essa parede
essa torre
esse nó que te aprisiona
e ilude-te
estás livre!
*
a tua ilusão
é a tua criação
se não a criasses
não te tinhas iludido
*
por piedade
puseram-se pontos principais
principiando pelo possível
porque pês
*
calma
cães comem cavalos
cujos cabelos caem cansados
casando-se com corpos calientes
cospe caroço!
*
cospe o que te prende,
esse caroço visceral transversal
ó mal
*
o ó do nó faz dódó
agora arrepende-te de o teres lido, tótó
*
ouvindo a mesma musica
escrevo, ou és tu que lês?
*
os escadotes não chegam ao céu
mas chegam se virares o mundo ao contrário
*
dorme o bebé
e eu vou mudar de música
*
mudada a musica
o bebé acorda,
e eu não sei quando ele volta a adormecer
*
que não pensem os poetas
*
e num monólogo fui deixada
mas agora estás aqui
já não estamos sós
*
a solidão acompanha todos nós
mas ela não é acompanhada de ninguém
*
podes pensar que estás só
mas esse é apenas um pensamento
que sabes tu da realidade
se não a viveres?
*
e, a solidão é um bom prato
*
ó força! calma, que a pedra é demais
não pegues em pedregulhos
*
num prato se come
com garfo e faca
que à mesa há que ter respeito
dizem os Grandes
*
vem com passos incertos
que eu cá estarei de braços abertos
*
e sem saber, sei
e APENAS o sei
*
quem lê a patrícia
se ela se fecha
e ninguém possui a pena?
*
pobre daquele que pensa ser pobre
e o é
*
em que planeta se vive
quando se morre?
*
haverá espaço neste mundo para os vivos e os mortos
que o tempo e o espaço são infinitos
*
uma viagem
com estes seres
imaginários
consegues imaginar?
então join me
*
call me
call me
call me
i can hear
*
olha a insegurança com segurança
*
seres sábios são sábios
e quem é o homem dentro do sábio?
*
3:33 hora agora, agora mas espera 3 segundos, que o quarto está impaciente
*
meio quente
não é morno
é algo
*
mãos minhas queria eu que fossem autónomas
para ser livre
e isto não é ilusão
mas se foi pensado
o já é
*
então nada és que ilusão?
quem és tu?
quem é esta que o pergunta? a mão é escrava do pensamento
*
pois se pensas que existes
te iludes
que a ilusão é bem real
*
vem a ovelha ter com o pastor
olha-o
sabe que é alimento
porque não foge ela?
louca aquela que pensa que é louca
*
de três pontos se estabelece uma relação
e dessa acção
nasceram os quatros pontos
*
norte, este, sul e oeste
eu caminho é para o centro
*
a tristeza de um olhar
que te olha
te despe
e nele tu te perdes
*
bring the pirates
lets sail thru known seas
and there die
*
and the sea will then cry
happy tears
we made our destiny
*
para quem buscas algo? se para ti nada está nem é perdido
*
o pulsar do impulso é mais forte que a maré
*
espaço vazio
percorre caminhos
preenchidos pelo nosso espaço
mas ele não é de ninguém
*
oh ser má
nos teus olhos
nada é mais
que algo maléfico
*
frigorífico
lata nova
velha
meia usada
onde está a tua outra meia?
*
eu agora sou um vulcão em erupção, e faço pão quando tiver farinha na mão!
*
ai as marés vagas
levam-nos a todos
*