Poemas


Recebido de uma poetisa, através do messenger, a 16 de Dezembro de 2008.

A grande Santos Almeida.


*

escava
cuidado com as pedras
da calçada,
pisada
que hoje toda a gente escava
em direcção ao céu
porque eu
não encontro
um ponto
um começo

*

uma nota que soa
a mil léguas daqui
faz.se ao mar
como a terra se faz a mim!

*

vidas
passadas ou presentes
ainda sentem
o que em nós foi esquecido
talvez
mas agora não
agora elas vivem!

*

a vida
o que é?
pergunta o menino
sozinho
à beira da morte

*

escrita
nada é
que palavras, articuladas
pelas leis do Homem
que nem as sente
quando as dita
e por isso
elas
caem no esquecimento
que escritor
não é escultor

*

máquina menino
trabalha
mas não sabe ler nem escrever

*

o homem
criação, criador, criado
escravo dele mesmo
mas não passa
de uma obra de arte!

*

a brisa
leva-me a mim
até onde eu
te vou encontrar

*

o sal
a lua
o verde
a intenção voa
aterrando na brasa
deste dia

*

ser poeta
é: cantar uma voz
perdida, ou por achar
e todas elas vão dar
aos caminhos
escolhidos, ou por escolher

*

um canto
e nele se faz ninho

*

vi
ouvi
algo, que eu não reconheci
e por isso
não existem palavras para o que foi visto!

*

quão longe se está
e perto se torna!

*

oscila este poema
que ele não quer estar
no papel

*

sopra o vento
ela faz o mesmo

*

a matéria
quando deixa ela de o ser?
em que se torna?
quando morre?

*

o verde pé
diz que é verde
quem és tu para o desmentir?

*

a mão aponta
para uma direcção
oposta
ao que o corpo aponta
mas se a mão é uma parte de nós
de quem é o corpo?

*

sente-se agora
e sinta-se amanhã
que quem sabe se ontem também não o foi sentido?

*

um piano
conta histórias sobre
ele mesmo, mas na companhia
de quem mais ele ama

*

se o piano diz que ama
quem ama ele mesmo?

*

there was something
in need of discovery
who are u pirates?

*

come out
cause i will get soon
to where you are
but i need to see you

*

mãos que apontam
e os pés? para onde eles vão?
que caminhos pisam?
serão os caminhos que a mão apontou?

*

no topo
se olha para baixo
mas por que não aproveitar
esta aproximação ao céu

*

vês? então olha.

*

à vista desarmada tudo é belo
mas quando se erguem torres
o sol não entra
nem tu sais

*

o fado
destino incerto, mas
e quem não acredita no destino?

*

a gaiola
é um mundo
de nós saído
que quem lá entra
não de lá sai

*

quem sai ou entra?
sai o corpo
fica a mente
ou fazes um acordo
com os teus deuses
e tornas-te imortal

*

eternamente, disse o sol
mas a lua é imortal

*

o tempo
não disse ao tempo
coisa alguma
porque ele não tem espelho em casa

*

vidas, quanto tempo tens?

*

o tempo sabe
que o que sabe
é sabido
e a sabedoria é por ele
oferecida
mas ninguém o ouve

*

quem és tu
que aqui estás
mas quando sabes que não estarás
vais cá estar?

*

a todos os que sabem ler
e a quem não sabe
por favor reciclem

*

quem lê o tempo
perde a vida
e a morte não traz mais tempo

*

mais, mais, mais
disse eu
ao tempo
que parou
agora!

*

ó tempo, sabes que eu te conto?
mas quando não o faço
tu passas mais depressa
ou serei eu que me perdi?

*

entre caminhos
que não se cruzam
há quem os sobreponha
e leva escadotes!

*

escada leva para cima
que de baixo nada sobe, só desce!

*

leva a terra
que um dia ela te abraça
mas por pouco tempo
que a carne decompõe

*

ossos
ou espaço?

*

toca, que és tocado em retorno

*

sabes que existes?

*

a manhã
que é ela senão o fim de um dia?
porque o dia nasce quando eu e tu queres

*

porque choras
quando amanhã é um novo dia
e tu ainda cá estás

*

 nem a terra come os ossos

*

" moon, today beautiful
tomorrow gone
but you always come back
despite these lives
that look at you
and see more than themselves

*

o inimigo
afinal só o é porque tu o nomeaste

*

à roda andamos todos
e do e no vómito rodamos

*

o ciclo da estupidez é só isso
um ciclo

*

ciclo, triciclo
quatrocentos qualquer coisa

*

no numero 3 o que se lê?
uma superstição

*

os medos devem ser enfrentados
mas eu não possuo corpo

*

o saber não ocupa espaço, alguém o disse
mas o que ocupa, é nada mais que espaço infinito

*

as palavras são as nossas gaiolas,
e com pena

*

ó pena, tens mais pena que eu?
é que de penas vivem os pássaros nas suas gaiolas

*

no topo vive o deslumbramento
que não sabe que se vier cá abaixo
o mundo é grande

*

as gotas sobem
em quem faz o pino

*

o verde depressa ganha nova cor
mas tudo é branco

*

cava
esburaca essa parede
essa torre
esse nó que te aprisiona
e ilude-te
estás livre!

*

a tua ilusão
é a tua criação
se não a criasses
não te tinhas iludido

*

por piedade
puseram-se pontos principais
principiando pelo possível
porque pês

*

calma
cães comem cavalos
cujos cabelos caem cansados
casando-se com corpos calientes
cospe caroço!

*

cospe o que te prende,
esse caroço visceral transversal
ó mal

*

o ó do nó faz dódó
agora arrepende-te de o teres lido, tótó

*

ouvindo a mesma musica
escrevo, ou és tu que lês?

*

os escadotes não chegam ao céu
mas chegam se virares o mundo ao contrário

*

dorme o bebé
e eu vou mudar de música

*

mudada a musica
o bebé acorda,
e eu não sei quando ele volta a adormecer

*

que não pensem os poetas

*

e num monólogo fui deixada
mas agora estás aqui
já não estamos sós

*

a solidão acompanha todos nós
mas ela não é acompanhada de ninguém

*

podes pensar que estás só
mas esse é apenas um pensamento
que sabes tu da realidade
se não a viveres?

*

e, a solidão é um bom prato

*

ó força! calma, que a pedra é demais
não pegues em pedregulhos

*

num prato se come
com garfo e faca
que à mesa há que ter respeito
dizem os Grandes

*

vem com passos incertos
que eu cá estarei de braços abertos

*

e sem saber, sei
e APENAS o sei

*

quem lê a patrícia
se ela se fecha
e ninguém possui a pena?

*

 pobre daquele que pensa ser pobre
e o é

*

em que planeta se vive
quando se morre?

*

haverá espaço neste mundo para os vivos e os mortos
que o tempo e o espaço são infinitos

*

uma viagem
com estes seres
imaginários
consegues imaginar?
então join me

*

call me
call me
call me
i can hear

*

olha a insegurança com segurança

*

seres sábios são sábios
e quem é o homem dentro do sábio?

*

3:33 hora agora, agora mas espera 3 segundos, que o quarto está impaciente

*

meio quente
não é morno
é algo

*

mãos minhas queria eu que fossem autónomas
para ser livre
e isto não é ilusão
mas se foi pensado
o já é

*

então nada és que ilusão?
quem és tu?
quem é esta que o pergunta? a mão é escrava do pensamento

*

pois se pensas que existes
te iludes
que a ilusão é bem real

*

vem a ovelha ter com o pastor
olha-o
sabe que é alimento
porque não foge ela?
louca aquela que pensa que é louca

*

de três pontos se estabelece uma relação
e dessa acção
nasceram os quatros pontos

*

norte, este, sul e oeste
eu caminho é para o centro

*

a tristeza de um olhar
que te olha
te despe
e nele tu te perdes

*

bring the pirates
lets sail thru known seas
and there die

*

and the sea will then cry
happy tears
we made our destiny

*

para quem buscas algo? se para ti nada está nem é perdido

*

o pulsar do impulso é mais forte que a maré

*

espaço vazio
percorre caminhos
preenchidos pelo nosso espaço
mas ele não é de ninguém

*

oh ser má
nos teus olhos
nada é mais
que algo maléfico

*

frigorífico
lata nova
velha
meia usada
onde está a tua outra meia?

*

eu agora sou um vulcão em erupção, e faço pão quando tiver farinha na mão!

*

ai as marés vagas
levam-nos a todos

*

Published in: on 17/12/2008 at 1:38  Deixe um Comentário