Por ti…

Xoida, não consigo deixar de pensar em ti… Tornaste-te num vício do pensamento, num movimento instintivo da minha mente. A tua imagem assalta-me constantemente, a tua presença invade os meus espaços, o teu sorriso, os teus olhos profundos. Os teus olhos… transmitem algo… ainda que simples; uma grande ternura, uma beleza interior que nem sempre é óbvia do exterior. A tua voz, o modo como a utilizas, a tua maneira decidida de falar com rasgos de vitalidade, ímpetos de vida.

Estou viciado na tua imagem. Quero os teus álbuns de fotografias, preciso do teu rosto diante dos meus olhos, multiplicado por cem, por mil… Quero bebê-lo, saciar a minha sede, a minha fome de ti.

Quero inventar desculpas… mil desculpas para estar contigo. Pretextos, razões válidas ou não para te ver, para respirar esse teu sorriso, esses teus olhos luminosos. Que validade preciso eu para estar contigo, que desculpas, além daquilo que me puxa constantemente para ti? É preciso inventar o que quer que seja mais, quando já existe algo de tão real que te faz viver dentro de mim?

Eu não existo..? Às vezes era mais fácil se assim fosse. Não existo devido a ti; és tu que me fazes agir como se não existisse, fazes-me ser algo que não seria se não vivesses dentro de mim, se algo dentro de mim não se visse dentro ti.

Trazes-me aquela sensação de vida exacerbada que vem com um coração que se encontrou dentro de outrem. Aquela sensação de que o mundo, de repente, tem uma razão de ser, que a Vida que o trouxe à existência sabia que, mas cedo ou mais tarde, este tipo de reencontro teria lugar, algures nas curvas da sua realidade. O meu corpo vibra mais velozmente agora, os meus músculos estão mais fortes, a minha respiração mais centrada. Todo o meu ser move-se numa mesma direcção, interior e exteriormente. Há uma unificação de fragmentos, um ligar de sectores, um conectar de emoções e pensamentos numa só forma de energia que se move alimentada pela tua imagem.

Despertas em mim o ímpeto que é natural em todos nós de ser poeta, artista, de ser excepcional. Fazes-me desejar ser grande o suficiente para traduzir por palavras ou gestos ou acções aquilo que promete rasgar o meu peito se não encontrar formas naturais de expressão. Mas a poesia falha, porque falha o talento, e nem em prosa as palavras levam de mim para ti aquilo que sinto vir de ti para mim. Quero-te mostrar como as células do meu corpo sabem o teu nome, conhecem o teu sorriso e o teu olhar brilhante; como a vida que as anima se multiplicou quando tu entraste no meu sistema, quando o teu ser tocou no meu coração, mesmo que nenhum gesto tenha sido feito.

Fazes-me ter a certeza, sem espaço para dúvida, de que o propósito da vida é o amor. Um amor que não será como nós o vivemos, como nós o interpretamos. Mas ajudas-me a compreender, ainda que com os pés enterrados na terra, o que é sentir-se voar por entre os céus mais elevados, ver a Terra do alto, como um corpo celeste uno e valioso num universo aterradoramente infinito.

Fazes-me querer gritar que o sol brilha para te ver e que a lua reflecte-se no mar para te beijar; que o vento suspira o teu nome por não querer ouvir o de mais ninguém ou que o céu é azul porque essa é a cor do teu olhar, do teu rosto, da tua presença.

Fazes-me querer gritar as loucuras que só os amantes gritam, mas que o fazem por saber que não são disparates; apenas o são aos olhos daqueles que temporariamente se desconectaram da corrente de amor que sustenta a vida. A existência é um acto de amor, pois sem amor a vida seria eterna e irremediavelmente consumida pelo vazio, pela não-existência.

O mundo inteiro empalidece quando comparado contigo, quando comparado com aquilo que despertaste em mim. Olho para as coisas que faço durante o dia, para as acções levadas a cabo por mim e por outros… Que sentido faz a existência quando não direccionada para este amor primordial, para este sentimento perfeito de união, de compaixão, de entrega, de dádiva?

Ao provar deste sentimento, é me dado a saborear a prova de que a Vida tem apenas um propósito, uma essência que a reveste de profundo significado e direcção. Quando o desconhecemos, podemos ver inúmeros sentidos, imensas razões para respirar, correr, agir deste ou daquele modo. Porém, quando desperto para este sentimento, esta intuição, sei que apenas a experiência disto vale a pena, apenas a experiência disto é real.

Dré

Published in: on 27/09/2007 at 23:54  Deixe um Comentário  

Think about it…

Reflecte um pouco…
Ouve.

Abre os olhos, porque estamos a viver mais depressa que a própria vida.
Vivemos na faixa da esquerda da vida…

Reflecte um pouco…

Neste plano cósmico vivemos sem direcção.
Mas uma nova elevação de espírito conecta-nos com a situação.
Sem gurus nem orações, sem dogmas ou rótulos.

Esta civilização acelerada não deixa espaço para meditação.
Perfura-nos a mente, rasga-nos o coração. Abranda…

A pressa mata-nos…
Aquele que apenas corre esquece-se de caminhar.
Redescobre o teu ritmo, um caminho teu para andar.

Continuamos a correr, continuamo-nos a questionar…
Ninguém nos pode vencer.
Quantas mãos teremos que erguer para que nos oiçam?

Teremos que ser como os outros?
Tu tens a resposta dentro de ti.
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Adaptado de "Fast Lane" – Macaco (Ingravitto)

Published in: on 27/09/2007 at 0:06  Comments (1)